As 10 capas mais loucas de discos brasileiros dos anos 1970

A década de 1970 foi uma das décadas mais produtivas da história quando o assunto é música. Surgiram dezenas de movimentos de contra-cultura pelos quatro cantos do planeta, sonhando em mudar o mundo e ir contra tudo aquilo que era difundido como moral e bons costumes. No Brasil, que vivia tempos de censura aplicada pela ditadura militar, não era diferente.

A música é, e sempre foi uma das mais importantes formas de expressão, sendo talvez a mais efetiva em alcance de público. Durante essa década, a criatividade e a experimentação afloraram, dando origem a artistas extremamente munidos de ideias e conceitos. Como resultado, surgiram projetos de álbuns que tinham muito pra dizer, a começar pelas musicas, passando pela forma de produção e finalizando com incríveis projetos gráficos.

Essa seleção traz 10 capas de discos que tiveram grande expressão artística, musical e visual. Conheça um pouco mais de cada um:

Mutantes – Jardim Elétrico (1971)

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O desenho psicodélico da capa do álbum Jardim Elétrico foi feito por Alain Voss. Para os mais desavisados, trata-se de um pé de cannabis. As cores e formas foram usadas de maneira a causar um grande impacto visual ao público. Imagine isso em 1971.

Tom Zé – Todos os Olhos (1973)

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Esse álbum foi considerado experimental demais e acabou deixando o artista um tanto quanto de lado pela mídia da época, sendo reconhecido apenas décadas depois. Há boatos bastante confiáveis de que a foto de capa do álbum retrata um ânus com uma bolinha de gude. Porém, Tom Zé em entrevista a Charles Gavin, afirmou que a foto final foi a de uma boca, apesar da ideia original ser de um ânus. Mistérios! [Leia mais aqui]

Secos e Molhados – Secos e Molhados (1973)

Secos e Molhados (1973)

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O LP Secos e Molhados vendeu mais de 1 milhão de cópias pelo país. Emplacou grandes sucessos como “Sangue Latino” e “O Vira”. Fazendo jus ao nome do grupo, o fotógrafo Antônio Carlos Rodrigues produziu uma mesa de jantar com vários produtos secos e molhados (broas, lingüiças, cebolas, grãos de feijão, vinho barato da marca Único e etc…).

O nome do grupo, em cima da mesa, em letras roxas brilhantes, alude à placa que João Ricardo teria visto numa visita à Ubatuba e que lhe deu a ideia para o nome do conjunto. Dentro das bandejas, estão as cabeças de Ney Matogrosso, João Ricardo, Gérson Conrad e Marcelo Frias. (Fonte: Wikipedia)

Ave Sangria – Ave Sangria (1974)

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O disco da banda pernambucana Ave Sangria traz na capa um tipo de “papagaio drag queen“, como os próprios integrantes da banda chamavam. Infelizmente, não consegui encontrar a informação de quem criou essa capa (há informações confusas na internet), mas descobri que a ilustração foi submetida a modificações, por conta da censura do governo militar na época. Houve também um problema em relação à gravadora, que não quis pagar pela arte da capa, e por aí vai.

Jorge Ben – A Tábua de Esmeralda (1974)

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O disco A Tábua de Esmeralda é considerado o trabalho mais importante de Jorge Ben. Carregado de conceitos herméticos, e sendo considerado pela Rolling Stone Brasil como o sexto melhor disco da história música brasileira, apresenta uma capa criada pelo artista carioca Aldo Luiz, remetendo a mistérios da alquimia, menções aos deuses astronautas, Paracelso e a própria Tábua de Esmeralda. (Ref: Fita Bruta)

Zé Rodrix – Quem Sabe Sabe Quem Não Sabe Não Precisa Saber (1974)

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Zé Rodrix é um contribuinte ativo da música brasileira, seja como cantor, instrumentista ou compositor. A ilustração desta capa mostra o próprio músico sentado em uma almofada, com seis braços que seguram os instrumentos musicais tocados por ele, fazendo referência a Vishnu, o Deus hindu.

Terreno Baldio – Terreno Baldio (1975)

Terreno Baldio (1975)
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O primeiro disco da banda foi gravado em 1975, porém, só foi lançado em 1976 pelo selo Pirata, em uma tiragem de apenas 3 mil cópias. Em plena ditadura militar, o álbum trouxe música genuína e ideológica. A capa foi criada pelo artista brasileiro Beny Tchaicovsky.

Belchior – Alucinação (1976)

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A capa do álbum Alucinação já fala por si só. Em uma foto saturada, Belchior de olhos fechados parece estar em uma grande viagem louca, além da tipografia que parece respingada de sangue. O disco projetou Belchior ao cenário da MPB, consagrando sucessos como “Como Nossos Pais” e “Velha Roupa Colorida”. Não encontrei informações sobre quem criou a capa.

Recordando o Vale das Maçãs – As Crianças da Nova Floresta (1977)

Recordando o Vale das Maçãs - As Crianças da Nova Floresta (1977)

O álbum As Crianças da Nova Floresta, gravado em 1977 e lançado em 1978, é considerado por muitos como sendo o melhor disco de rock progressivo brasileiro. O disco apresenta temas voltados para misticismo e natureza, destacando o excelente trabalho entre flauta, violões e percussão.

Como o álbum foi lançado no auge da disco music aqui no Brasil, acabou não fazendo sucesso. Na época do lançamento, muitos lojistas não sabiam que se tratava de uma banda de rock, colocando o LP na seção de histórias infantis, devido à capa colorida do disco. Não encontrei informações sobre quem criou a capa. (Referência: Consultoria do Rock e Baú do Mairon)

João Bosco – Linha de Passe (1979)

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A capa desse disco foi feita pelo artista plástico Mello Menezes, trazendo uma pintura que apresenta bastante referências do cubismo e expressionismo. O álbum consagrou sucessos como “Linha de Passe” e “O Bêbado e a Equilibrista”.

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Designer Gráfico há 15 anos. Natural de Curitiba/PR À frente do Inspi desde 2013. Apaixonado por arte, música e cultura visual.