Animação com meditação: conheça o processo criativo da nova série da Netflix

Animação com meditação: conheça o processo criativo da nova série da Netflix

No primeiro dia de 2021 a Netflix lançou a série Headspace – Meditação Guiada, uma experiência interativa realizada em parceria com o mundialmente conhecido aplicativo de meditação, Headspace.

A série com oito episódios de 20 minutos explora a base da meditação e como ela pode nos ajudar a estar mais presentes e menos distraídos na vida cotidiana. Cada episódio foca em um benefício diferente, começa ensinando a abordagem e as técnicas e finaliza com uma meditação guiada. O grande diferencial da série é que ela une áudio e animação de uma forma única.

A produção dos episódios ficou por conta da Vox Media Studio. A Netflix pediu rapidez na produção, pois gostaria de lançar a série no primeiro dia do ano. Para isso, quatro estúdios de animação separados foram contratados pelo diretor de arte da Vox Media, Drew Takahashi. A Augenblick Studios foi um dos selecionados para desenvolver as animações. Aaron Augenblick, fundador do estúdio contou como foi o briefing e o processo criativo das animações.

“Eles queriam fazer algo muito mais experimental, muito mais artístico e eu acho que isso é o mais empolgante”, disse Aaron. Embora o aplicativo Headspace tenha uma estética estabelecida, o estúdio foi encorajado a não se sobrepor muito a ele, o app foi apenas usado como inspiração. O objetivo era evocar o clima e a simplicidade dele.

A série possui apenas um personagem: Andy Puddicombe, ex-monge budista que cofundou o Headspace para compartilhar seu treinamento de meditação. Apesar de Andy narrar todos os episódios da série, a Voz Studio pediu para não animar Andy ou qualquer personagem identificável. “Assim que você remove a capacidade de ter um personagem principal, parece que é uma limitação, mas na verdade te liberta”, explica Augenblick.

“O que nos inspirou, para nossos episódios, foi a arte impressionista como Joan Miró. Era mais como, ‘Como você representa a felicidade que não seja de uma forma cafona, como apenas mostrar o sol?’ Então, muito disso foi criar formas agradáveis, cores agradáveis. Representar coisas para invocar mais do que elas parecem, mais do que realmente são. Essa foi a nossa abordagem”.

Em vez do processo normal de produção de criar personagens e locações, eles começaram com quadros de estilo, os visuais em cores geralmente reservados como a última etapa antes da animação. A segunda parte dos episódios foi o maior desafio, revela Aaron, pois teria uma meditação e na melhor das hipóteses, o espectador estará com os olhos fechados e não assistirá à animação. Aaron então pensou “Este é o Headspace. É a Netflix. Este é um entretenimento premium. Você não pode simplesmente ter uma tela em branco. Então, se acontecer de alguém espiar, ou talvez se não sentir vontade de meditar e apenas quiser assistir e relaxar, eles precisam ver algo que seja eficaz ou algo que seja agradável aos olhos.”

Claramente o desafio era de entreter sem expectativas de espectadores interessados. Então o estúdio trabalhou menos em seu estilo tradicional de animação e mais em motion graphics. “Tivemos a ideia de fazer uma imagem abstrata simples que invoca a respiração, o pensamento e a consciência. Apenas um círculo simples que tem um movimento, uma cor, que será agradável para você. Mas o objetivo é que não seja algo que você sinta que tem que olhar”, explica o fundador do estúdio.

O objetivo da animação era apenas dar às pessoas a oportunidade de sentir uma sensação de paz e calma e de experimentar as ideias de meditação e consciência, possivelmente pela primeira vez, e com certeza a produção conseguiu alcançar com sucesso. Para quem ficou curioso, vale a pena conferir o resultado e quem sabe embarcar na meditação guiada por um ex-monge.

Fonte: AfterbuzzTV

Graduada em Relações Públicas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), especialista em Mídias Digitais pela Universidade Positivo e Mestranda em Administração pela PUCPR. É criadora do blog pippoca.com, atua como pesquisadora, é autônoma e já atuou em agências de publicidade. É uma entusiasta da criatividade e de tudo que envolve o processo criativo.