Sua bagunça pode ajudar sua criatividade

Todo criativo já foi cobrado em algum momento para arrumar o quarto ou qualquer outro local que pessoas comuns julgavam como bagunçado, mas o que essas pessoas não sabem é que o caos faz parte do processo criativo e muitas vezes ele é essencial na hora de criar algo incrível. Isso é o que Tim Harford fala em seu livro “Caos Criativo: Como ser criativo e resiliente em um mundo que gosta de arrumação”. Continue a leitura e saiba mais!

O problema das metas e dos roteiros

As metas estão aí para nos dar a falsa sensação de que tudo está no lugar, mas na verdade buscar apenas atingir uma meta não quer dizer que você fará o trabalho da melhor forma possível, mas que fará qualquer coisa para atingi-la.

Martin Luther King, pastor e líder do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos, passava de seis a oito horas preparando seus discursos no início da sua carreira, isso lhe ajudava a organizar as ideias. Com o passar do tempo a sua popularidade cresceu e ele não tinha mais tanto tempo livre para preparar seus discursos, então teve que fazer algo que não gostava: improvisar. Ao contrário do que o ativista achou, improvisar no discurso fez ele dar o melhor de si e seu discurso mais famoso chamado de “eu tenho um sonho” foi totalmente improvisado. 

Seja você mesmo sem ligar para a bagunça

Em 2010, dois psicólogos da Universidade de Exeter, Alex Haslam e Craig Knight montaram espaços de trabalho para descobrir se os ambientes afetavam o que as pessoas faziam. Eram quatro espaços diferentes, o primeiro era enxuto, mesa vazia, sem decoração e apenas os itens que as pessoas iriam utilizar. O segundo espaço continha alguns itens de decoração, como vasos de plantas e fotografias. Os outros dois espaços tinham os mesmos itens do segundo espaço, com decorações variadas. A diferença era que em um deles os participantes eram convidados a organizarem o local como gostariam e essa foi a grande diferença.

No final do estudo, os pesquisadores descobriram que as pessoas fizeram 30% mais coisas no espaço decorado por elas mesmas do que no espaço enxuto e 15% a mais do que no escritório decorado, mas que não poderiam ajeitar do jeito que gostariam.

O criador da Amazon, fez a empresa crescer sem nenhuma organização. Jeff Bezos prometia o mundo para os clientes, mas na verdade não fazia ideia de como entregaria aquilo para o público. Em meio ao caos de entregas, funcionários e fornecedores, ele conseguiu se sobressair. A bagunça em que ele estava inserido de alguma maneira o ajudou a resolver problemas e a alcançar o tão sonhado sucesso, ou seja, você não precisa estar com tudo organizado para conseguir resolver certos problemas.

Já Benjamin Franklin, mapeou a Corrente do Golfo, inventou os óculos bifocais, o para-raios e o cateter urinário flexível, entre outros itens, porém, um de seus objetivos não foi alcançado: o de ser uma pessoa organizada. Pessoas que o visitavam ficavam impressionadas com a quantidade de papéis importantes espalhados pelo chão e pela mesa. O que Franklin pode ter percebido é que a desordem não impedia que ele obtivesse sucesso em seus projetos e provavelmente ela o ajudava a ser mais criativo. Então ele continuou mantendo seus documentos desorganizados, pois estava ocupado demais sendo um inventor de sucesso.

O inimigo do criativo é o tédio, estar em estado de alerta e percorrer um terreno desconhecido foca sua atenção e contribui para um bom resultado. Infelizmente tudo ao nosso redor é programado para nos dar a sensação de arrumação. Nossa própria rede social nos coloca dentro de uma “bolha”, com opiniões iguais às nossas para termos a falsa sensação de que tudo está funcionando exatamente como planejamos. Por isso, sempre que puder, pense menos em perder tempo com organização e mais em tirar suas ideias do papel.

Graduada em Relações Públicas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), especialista em Mídias Digitais pela Universidade Positivo e Mestranda em Administração pela PUCPR. É criadora do blog pippoca.com, atua como pesquisadora, é autônoma e já atuou em agências de publicidade. É uma entusiasta da criatividade e de tudo que envolve o processo criativo.