Natural de Curitiba, a ilustradora Erika Lourenço é designer de formação e vem conquistando seu espaço na cena artística e criativa nacional. Suas ilustrações passeiam por temas atuais como feminismo, empatia e natureza e apesar do pouco tempo de carreira, Erika já soma um bom número de seguidores nas redes sociais, publicando tanto seus trabalhos artísticos quanto comerciais.
Em entrevista exclusiva ao INSPI, Erika Lourenço nos contou um pouco mais sobre sua vida como ilustradora e artista visual: suas ideias, inspirações e muito mais. Se interessou? Então confere aí.
Entrevista:
INSPI: Há quanto tempo você atua no mercado criativo?
Erika Lourenço: Desde de 2017. Comecei trabalhando em agências como designer (sempre na criação) e ao mesmo tempo fazendo uns trabalhos de ilustração. Em 2018 decidi me tornar ilustradora freelancer.
INSPI: Suas ilustrações carregam um traço autoral e artístico bastante marcante. Você se considera mais artista ou ilustradora?
Erika Lourenço: Eu me considero artista quando crio algo sem propósito de venda sabe? Quando simplesmente preciso dizer algo e só consigo com o desenho. E ilustradora quando crio algo com o propósito certo, seguindo um briefing. Gosto muito de ser os dois!
INSPI: Atualmente você vive da sua arte? Quais são os maiores desafios na carreira de um artista independente?
Erika Lourenço: Vivo sim! Os maiores desafios acredito que sejam se destacar no mercado (Já que temos muitos artistas e ilustradores excelentes por aqui) e ter inúmeras habilidades. Hoje tudo são números e você além de ilustrar, criar, precisa editar fotos, ser ativo em redes sociais, gerar conteúdos e etc., pra ter uma chance de visibilidade.
INSPI: Já que você tocou no assunto, vale perguntar: além do processo de criação, há também essa outra questão importante: a divulgação. Como você divulga seu trabalho?
Erika Lourenço: Importantíssimo isso. Como eu disse na outra questão, hoje o mercado te exige muitas habilidades pra você ter a oportunidade de se destacar. Eu acredito que a minha graduação como designer me ajudou demais nisso. Eu fiz um curso que era muito voltado pra business e para te inserir no mercado mesmo. Então aprendi muita coisa sobre marketing, sobre entender seu público alvo e tal. Eu divulgo sempre no Intagram, no Behance, Facebook e em feiras, onde consigo conversar diretamente com as pessoas e o velho “boca a boca” acaba trazendo muitos trabalhos.
INSPI: Já pensou em tentar uma carreira fora do Brasil?
Erika Lourenço: Penso sempre nisso, mas fico meio perdida se me arrisco ou não. Eu não tenho muita pressa em me destacar sabe? Penso que quero sempre fazer um bom trabalho e as coisas vão acontecer na medida que eu evoluir o meu trabalho.
INSPI: Como você vê a representatividade das mulheres na arte hoje?
Erika Lourenço: Me sinto privilegiada por estar vivendo um tempo em que estamos começando a ter nosso espaço na arte. Sou branca e sempre tive uma visão clássica da arte, fui ensinada na escola a ver os grandes artistas e suas histórias. E todos eram homens. O maiores ilustradores de sucesso também… designers e tal. Sempre todos homens. Então, demorei muito tempo até entender que poderia viver disso, justamente por não conseguir me ver nessas profissões, não conhecia nenhuma mulher que fizesse isso. Quando comecei a pensar sobre isso, quase no final da minha graduação como designer, fui buscar e encontrei mulheres incríveis que me deram força pra acreditar.
INSPI: Que artistas te inspiraram a se tornar artista também? Tem vontade de trabalhar em colaboração com alguém?
Erika Lourenço: Minha maior musa é a Xoana Herrera. Sou apaixonada pelo trabalho dela e seria um sonho trabalhar em conjunto. Mas minhas maiores inspirações pra me arriscar na ilustração mesmo foram a Ana Paula Zonta (Anaiaia) e a Giovanna Medeiros, que foram as primeiras artistas que eu vi em feiras/publicações e pensei “que isso, dá pra viver de arte?”. E se a Xoana é minha musa, o muso é o Willian Santiago. Maravilhoso e me inspira todos os dias.
INSPI: De todas as suas ilustrações, há alguma que você goste mais?
Erika Lourenço: Tem muito essa coisa de momento né. No momento acho que essa seja a que mais me representa e sou apaixonada por ela. Chamo de mística e é representa bem a fase que to vivendo agora.
INSPI: Que importância você dá para a arte na formação do indivíduo?
Erika Lourenço: Nossa, eu nunca me esqueci do momento em que me dei conta dessa importância. Eu sou e sempre fui muito questionadora e penso no sentido da vida quase todos os dias. Um dia eu comecei a me questionar sobre o que eu faço e se isso importa de verdade. Foi quando me lembrei da minha infância, apaixonadíssima por revistas e livros, recortando todos os desenhos que eu gostava. Me lembro muito de revistas voltadas pra mulheres adultas com ilustrações nas matérias de signo, colunas e eu recortava todas por que aquilo me dava uma felicidade… Ver a vida em desenhos sabe? E comecei a ver como aquilo preenchia minha imaginação fértil demais e me ocupava por um bom tempo. Aí fui me dando conta de como a música, a pintura, as cores, as sensações que a arte nos provoca são um verdadeiro remédio pra alma mesmo. Curam nossos problemas invisíveis e nos inspiram em transbordar e expressar sentimentos que refletem e despertam algo nos outros. E isso é fascinante.
INSPI: Quais são seus planos para 2019?
Erika Lourenço: 2018 foi um ano maravilhoso pra mim. Meus planos são continuar fazendo parte de trabalhos legais como os que fiz e me consolidar como ilustradora.
INSPI: Para finalizar a entrevista, cite uma música, um livro e um filme que você goste muito.
Erika Lourenço: Eu sou muito de momento e a musica que têm me colocado pra cima quando preciso é Play the game – Queen, uma das minhas bandas favoritas. Um livro que me inspira muito é A Arte de Pedir – Amanda Palmer e por fim, um dos meus filmes preferidos da vida é Frances Ha – Direção Noah Baumbach.
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