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O que a arte de Piet Mondrian queria nos dizer?

Composição visual inspirada na obra de Piet Mondrian. Créditos: LuckyTD/Depositphotos.com

Piet Mondrian (1872-1944) foi um pintor holandês conhecido por suas contribuições pioneiras à arte abstrata, responsável por deixar um grande legado que influenciou profundamente o desenvolvimento da arte moderna. O artista foi um dos fundadores do movimento De Stijl, um grupo de pintores, arquitetos e designers holandeses que buscou reduzir a arte a seus elementos essenciais de forma e cor.

Além disso, sua filosofia artística, moldada por suas crenças espirituais, tinha o propósito de transcender as barreiras do tempo e do espaço, atingindo uma universalidade estética e filosófica.

Mondrian começou sua carreira no final do século XIX como pintor de paisagens e figuras. Suas primeiras obras refletiam a formação acadêmica tradicional que recebeu na Royal Academy of Fine Arts em Amsterdã, com foco no realismo e em temas figurativos.

Porém, tudo mudou quando ele se mudou para Paris em 1911, onde conheceu o cubismo e começou a experimentar a abstração em sua arte. Foi a partir desse ponto que Mondrian iniciou sua busca por uma linguagem visual universal, simplificando formas e explorando novas maneiras de representar a realidade.

O conceito central de sua arte está no neoplasticismo, movimento que ele fundou ao lado de Theo van Doesburg em 1917. Esse estilo revolucionário visava eliminar a representação de objetos e formas naturais, substituindo-os por linhas verticais e horizontais, além do uso de cores primárias — vermelho, azul e amarelo — combinadas com o preto, branco e cinza.

Mondrian acreditava que essas formas geométricas e cores puras não eram meras escolhas estéticas, mas símbolos de uma realidade espiritual mais profunda e de uma harmonia universal. A organização cuidadosa dessas formas em suas pinturas criava um senso de equilíbrio que, segundo ele, refletia a ordem subjacente do universo.

Arte de Piet Mondrian no MoMA, em Nova York. Créditos: HayDmitriy/Depositphotos.com
Pintura de Piet Mondrian no MoMA, em Nova York. Créditos: HayDmitriy/Depositphotos.com

Mondrian também foi profundamente influenciado pela teosofia, um movimento espiritual que buscava compreender a conexão entre o mundo físico e o espiritual. Ele acreditava que sua arte poderia ajudar a revelar essa ordem oculta, oferecendo ao espectador uma experiência transcendental. Suas composições, aparentemente simples, eram um convite à meditação sobre a natureza do ser e a relação entre o homem e o cosmos.

Ao longo de sua carreira, Mondrian se dedicou a destilar a arte em sua forma mais pura. Ele acreditava que, quanto mais abstrata fosse a arte, mais universal ela se tornaria. Essa busca pela essência o levou a rejeitar qualquer tipo de representação figurativa, concentrando-se apenas em formas geométricas básicas. Suas pinturas, compostas por linhas e cores primárias, eram o resultado dessa exploração filosófica e espiritual, representando o equilíbrio entre o homem e o universo.

O legado de Mondrian transcende o campo das artes plásticas. Seu impacto foi sentido no design, arquitetura e moda. As composições minimalistas e geométricas do neoplasticismo foram incorporadas em diversas disciplinas, e seu estilo icônico influenciou desde a arquitetura modernista até o famoso vestido Mondrian, desenhado por Yves Saint Laurent na coleção outono/inverno de 1965, por exemplo.

A arte de Piet Mondrian queria nos mostrar que a simplicidade e a abstração podem revelar verdades universais e espirituais. Ao reduzir sua obra aos elementos mais essenciais — formas e cores —, Mondrian nos convidava a refletir sobre a harmonia cósmica e a transcendência espiritual que estão além das aparências superficiais. Sua visão artística abriu novas fronteiras para a arte moderna e continua a inspirar gerações de artistas e criadores até os dias de hoje.

Este é apenas um pequeno panorama sobre a arte de Piet Mondrian, bem como sua evolução e influência. Se você deseja se aprofundar no assunto, sugerimos o artigo Um estudo da intencionalidade matemática nas obras de Mondrian: a História e a Arte, interdisciplinaridade e analogias, de Lívia Pedro da Silva.

Referências: piet-mondrian.org, John Emmett