A Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo em fevereiro de 1922, foi um marco na história cultural brasileira, com reverberações até os dias de hoje. Pouco mais de 100 anos depois, os artistas e acontecimentos dessa semana intensa foram revisitados pela exposição “Brasil! Brasil! The Birth of Modernism”, apresentada pela Royal Academy of Arts, em Londres, entre janeiro e abril deste ano.
A exposição contou com um acervo de cerca de 130 obras, assinadas pelos nomes mais importantes do movimento, como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Alfredo Volpi. Além de pinturas famosas, o acervo também inclui esculturas, fotografias e outras mídias. Quais são os impactos de um evento como esse na imagem do Brasil para o mundo?
No passo da modernidade
O Brasil vem conseguindo manter o passo para acompanhar os últimos progressos tecnológicos. O país possui uma das redes 5G mais rápidas do mundo e legislações avançadas sobre o universo digital, como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), o Marco Civil da Internet, dentre outras leis.
Recentemente, o Governo Federal sancionou a Lei das Bets, criando regras para a exploração de jogos de apostas online. Com isso, empresas licenciadas ficaram legalmente autorizadas a oferecer slots de alta volatilidade no mercado, além de inúmeras opções de apostas esportivas, se tornando um dos maiores mercados regulamentados do mundo.
Uma exposição que exalta o movimento modernista brasileiro, ainda que mais de um século depois, certamente corrobora com a imagem de país inovador, único, e de olho no futuro. O acervo também esteve em exposição por quatro meses na Suíça, no Zentrum Paul Klee, divulgando as obras mais representativas da vanguarda modernista brasileira. No entanto, o acervo da exposição de Londres foi ampliado para incluir obras de Burle Max.
Brasil pelo mundo

Sem dúvida, é um momento bastante próspero para a cultura brasileira no exterior, com a conquista inédita de um Oscar com “Ainda Estou Aqui”, logo no início do ano. Coincidentemente, em uma das cenas do filme, um cartaz da Semana de Arte Moderna de 1922 aparece colado na parede do quarto da filha do casal.
Outra conquista importante para a cultura brasileira foi a curadoria da Bienal de Veneza, coordenada pelo curador do MASP, Adriano Pedrosa, que deu grande destaque à arte nacional. Ainda este ano, Lygia Clark, a artista brasileira com mais obras ao redor do mundo, receberá uma exposição exclusiva em Berlim, no Neue Nationalgalerie.
A curadoria de “Brasil! Brasil! The Birth of Modernism” não é de um brasileiro, mas a co-curadoria, sim. Coube ao curador-chefe do Royal Academy of Arts, Adrian Locke, organizar as obras, com a participação de Roberta Saraiva Coutinho.
Segundo Locke, a exposição é uma excelente oportunidade de revelar para o mundo artistas brilhantes, poucos conhecidos fora do país. Já Roberta Saraiva afirma que as obras escolhidas buscam representar a “pluralidade cultural do país”. A última vez que a instituição organizou uma exposição voltada para o modernismo brasileiro foi há 80 anos.
Cultura e Soft Power

Em mundo dominado por conflitos armados e hostilidade diplomática, o Brasil sempre buscou influenciar o mundo através de sua arte e cultura; o famoso soft power. Sem dúvida, o país está com o arsenal de soft power abarrotado. Há décadas, o Brasil exporta cinema, música, literatura e outras formas de arte para o mundo, sempre retratando suas riquezas naturais, sua diversidade cultural e também, seus problemas sociais.
Soft power é coisa séria e é um conceito mais objetivo do que parece. Existe até mesmo um ranking mundial para medir o poder de influência cultural dos países. Atualmente, o Brasil está na 30ª posição; nada mal em um ranking com 193 países. No entanto, o país ocupa essa posição desde 2022, o que torna a estagnação um pouco frustrante.
Como a cultura nacional vive um momento de destaque no cenário mundial, é possível que o país melhore sua colocação neste ranking em breve. De um modo geral, o Brasil continua sendo visto como potência cultural e esportiva, embora ainda enfrente desafios de governança.
Da criação da bossa nova à premiação de Ainda Estou Aqui, é difícil encontrar um momento em que a arte brasileira não tenha recebido destaque mundial. No entanto, os artistas que participaram de um dos eventos mais transformadores da história da arte brasileira, costumam ficar abaixo do radar.
Levá-los novamente a uma das galerias mais prestigiadas do mundo certamente ajuda a manter seus legados vivos. Além disso, apresenta verdadeiras joias “escondidas” do Brasil para plateias internacionais, que pouco ouviram falar sobre a efervescência cultural do país nos anos de 1920.
O soft power brasileiro também traz benefícios concretos, como aumento do turismo, mais investimentos para projetos culturais e um ambiente mais atrativo e amigável para os negócios. A exposição “Brasil! Brasil! The Birth of Modernism” em Londres certamente contribui para a visibilidade da cultura brasileira no cenário global.