Com o objetivo de compreender os desafios e oportunidades do design no Brasil, a plataforma Figma realizou uma pesquisa com profissionais da área. Um dos destaques é a atuação cada vez mais estratégica dos designers nas empresas: 47% afirmam participar diretamente da definição de produto, estratégia e visão de negócio, enquanto 26% são consultados em algumas decisões, embora o design ainda costume entrar após o escopo estar definido.
A valorização do setor também é percebida internamente. 91% dos participantes apontam que o design é reconhecido pelas lideranças e outras equipes como uma contribuição importante para os resultados, evidência de que esses profissionais vão além da execução visual. “O design se tornou um diferencial estratégico, seja nas startups brasileiras ou em grandes empresas”, afirma Yuhki Yamashita, CPO do Figma.
A pesquisa, conduzida em parceria com a MindMiners, ouviu 300 profissionais brasileiros em cargos de liderança nas áreas de design, engenharia e produto. O estudo também investigou o uso da inteligência artificial nas empresas e os principais desalinhamentos em sua adoção prática.
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A relação do design com IA
Embora quase 90% das empresas já utilizem inteligência artificial, a pesquisa revelou uma maturidade bastante diversa no uso dessa tecnologia. Apenas 16% afirmam ter uma integração ampla e consistente da IA em seus processos de design, enquanto 13% adotam a ferramenta de forma estruturada em partes específicas do fluxo.
Do outro lado, 32% dos respondentes dizem que a IA ainda está em fase exploratória no seu trabalho, com testes pontuais; enquanto 27% têm algumas aplicações em uso, mas sem processos estruturados. Ou seja, embora essa tecnologia já faça parte do cenário, ainda há um longo caminho até sua adoção plena e madura no design brasileiro.
Parte disso pode ser explicado pelo fato de que o equilíbrio entre suporte organizacional e capacitação da equipe ainda não é pleno em muitas empresas. De acordo com o levantamento, 55% dos respondentes indicam que suas empresas oferecem suporte e recursos adequados, e contam com equipes capacitadas para aplicar IA no dia a dia do design. Esse grupo reúne as duas condições necessárias para uma aplicação consistente da tecnologia.
No entanto, 45% dos respondentes ainda relatam algum grau de desalinhamento entre estrutura organizacional e preparo das equipes:
- 25% afirmam que a empresa já disponibiliza suporte e recursos, mas a equipe ainda não está plenamente capacitada.
- 11% indicam o cenário inverso: a equipe já possui conhecimento e competências, mas a organização ainda carece de suporte e infraestrutura suficientes.
- 4% apresentam carências simultâneas — tanto em capacitação quanto em suporte organizacional.
- 5% dizem que o tema ainda não foi discutido internamente ou que não sabem responder a questão.
Quando essas duas condições forem alcançadas, entretanto, é esperado que isso resolva outro desafio identificado pela pesquisa: o melhor uso do tempo.
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O recurso ainda é pouco utilizado
Segundo 64% dos respondentes, grande ou significativa parte da rotina de trabalho ainda é consumida por tarefas repetitivas e só 9% indicam que a maior parte do tempo está dedicada a atividades criativas ou analíticas.
Esse descompasso é ainda mais curioso quando confrontado com a percepção positiva declarada em relação à IA: 83% dos designers dizem que a IA aumenta significativamente a eficiência do seu trabalho. Além disso, 82% concordam que essa inovação permite dedicar mais tempo ao aperfeiçoamento de sua especialidade profissional.
Isso mostra que, mesmo com um alto reconhecimento do potencial da tecnologia para aumentar a eficiência e liberar tempo para atividades de maior valor, o cotidiano de design ainda é bastante ocupado por demandas operacionais repetitivas.