As mulheres cartazistas e a propaganda americana na Segunda Guerra Mundial

As mulheres cartazistas e a propaganda americana na Segunda Guerra Mundial

Há alguns anos, circula na internet uma fotografia antiga, em preto e branco, onde aparecem algumas mulheres trabalhando na confecção manual de cartazes. Esta imagem sempre me gerou muito interesse, então resolvi pesquisar e escrever um pouco sobre ela.

As poucas informações acerca da foto dizem que ela foi tirada no ano de 1942, em Port Washington, Nova York e mostra uma espécie de linha de produção de cartazes replicados por estudantes norte-americanas, onde a frase “Our Danger is Real” (Algo como “Nosso perigo é real”) aparece embaixo de uma figura que não é muito clara na imagem.

Tratava-se de uma propaganda do governo americano contra seus opositores na Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945. Infelizmente, não conseguimos localizar um registro mais detalhado do cartaz em questão.

Versão original da fotografia em preto e branco

Naquela época, os cartazes eram uma das formas mais eficazes de propagação de ideias. Porém, a tecnologia de impressão ainda era muito precária, o que tornava mais ágil que a reprodução dessas peças fosse feita manualmente. Ao fundo da imagem é possível ver uma peça matriz fixada na parede, pela qual as artistas se guiavam para pintar os cartazes que seriam usados nas campanhas em prol do governo.

O patriotismo se tornou o tema central a ser propagado nos Estados Unidos durante a guerra, à medida que campanhas em grande escala eram lançadas para tentar vender mais títulos de guerra (war bonds), promover a eficiência nas fábricas, reduzir rumores negativos e manter a ordem entre os cidadãos.

A propaganda americana na Segunda Guerra

No início da Segunda Guerra Mundial, grande parte dos americanos via a propaganda como uma ferramenta utilizada por ditaduras totalitárias para se manterem no poder. Em paralelo a isso, muitos se lembravam com hostilidade dos anúncios usados na Primeira Guerra Mundial, que mais tarde foram considerados aparelhos de violação de direitos básicos, além de disseminadores de “fake news“. 

O governo relutou em divulgar campanhas publicitárias no início, mas a pressão da mídia, do setor empresarial e dos anunciantes os persuadiu a assumir um papel ativo nesse sentido. Mesmo assim, insistiam que suas ações não eram propaganda, mas um meio de divulgação de informações. Esses esforços foram lentamente transformados em um projeto mais unificado, embora nunca ao nível da Primeira Guerra Mundial.

No mesmo ano em que a foto foi tirada, em 1942, o presidente Franklin D. Roosevelt criou o Office of War Information (OWI), que se juntou a uma série de outras agências, incluindo os Departamentos de Guerra e de Estado, para contribuir na disseminação de informações. Foram usadas várias ferramentas para se comunicar com o público norte-americano. Isso incluía estúdios de cinema de Hollywood, estações de rádio, indústria gráfica e muito mais.

A OWI foi extinta logo após o término da guerra, em 1945, e apesar de sua existência conturbada, foi muito importante na vitória dos aliados e na mobilização do apoio interno norte-americano.

Fonte: Rare Historical Photos

Designer Gráfico há 15 anos. Natural de Curitiba/PR À frente do Inspi desde 2013. Apaixonado por arte, música e cultura visual.