O encontro entre design e política desencadeia uma interação fascinante, onde a estética se torna uma ferramenta poderosa para expressar ideias, provocar o pensamento e influenciar mudanças sociais, bem como para expressa-las.
Neste artigo, preparamos uma seleção de cinco obras que exploram essa relação. Desde análises críticas sobre como o design reflete e molda narrativas políticas até reflexões sobre o impacto da sociedade na prática do design, esses livros oferecem uma visão abrangente das conexões profundas entre esses dois temas aparentemente distintos.
Prepare-se para uma viagem intelectual que revela a riqueza e a complexidade dessa intersecção, fornecendo conhecimentos valiosos para estudantes, profissionais e entusiastas interessados na interação entre arte, comunicação e poder.
1. Políticas do design: Um guia (não tão) global de comunicação visual
O livro “Políticas do design: Um guia (não tão) global de comunicação visual”, de Ruben Pater desafia a ideia convencional de leitura ao explorar as dimensões visuais do design e sua influência política. O autor expõe a complexidade por trás das escolhas tipográficas, cores e símbolos que permeiam nossa cultura visual diária, destacando seu potencial para moldar ideologias e narrativas. Ao examinar contextos culturais e estereótipos globais, o livro convida os leitores a repensar sua compreensão da comunicação visual e reconhecer o papel político inerente ao design. Com uma abordagem acessível e repleta de exemplos visuais, Pater incita os profissionais criativos a considerarem o impacto de seu trabalho na sociedade contemporânea, incentivando uma reflexão crítica sobre a cultura visual e sua relação com o poder político.
2. Políticas da imagem: Vigilância e resistência na dadosfera
Em “Políticas da imagem: Vigilância e resistência na dadosfera”, Giselle Beiguelman explora o papel da imagem digital na sociedade contemporânea, analisando desde selfies até deep fakes. A autora argumenta que as imagens se tornaram as principais mediadoras das relações sociais, influenciando a comunicação, as estéticas da vigilância e até mesmo os sistemas de escaneamento dos corpos na cidade. Ao abordar as políticas da imagem, Beiguelman destaca como as imagens são palcos de tensões e disputas políticas, especialmente em um contexto onde a vigilância é cada vez mais disseminada na chamada “dadosfera”, um ambiente de coleta sistemática de dados pessoais pelas plataformas de mídia social.
3. Extra Bold: um guia feminista, inclusivo, antirracista, não binário para designers
“Extra Bold: um guia feminista, inclusivo, antirracista, não binário para designers”, de Ellen Lupton, é uma obra colaborativa que aborda questões fundamentais do mercado de design relacionadas à inclusão e à diversidade. Com uma abordagem inovadora que mescla ensaios, histórias resumidas, entrevistas e projetos criativos, o livro oferece uma visão ampla e diversificada do campo do design. Ao conectar o design ao feminismo, ao antirracismo e à inclusão de pessoas com deficiência, a obra explora as estruturas de poder presentes na indústria e fornece orientações práticas para transitar por elas. Com ilustrações envolventes de Jennifer Tobias, “Extra Bold” promete ser uma leitura útil e inspiradora para designers de todas as origens e identidades.
4. Os cartazes desta história: Memória gráfica da resistência à Ditadura Militar e da redemocratização (1964 – 1985)
“Os Cartazes desta História: Memória gráfica da resistência à Ditadura Militar e da redemocratização (1964 – 1985)” é uma compilação única que apresenta 300 cartazes, documentos e fotografias políticos que ecoam a resistência contra regimes militares e a luta pelos direitos humanos na América Latina. Com foco na ditadura no Brasil (1964-1984) e na solidariedade aos países vizinhos sob intervenção militar, os cartazes capturam momentos cruciais da história brasileira e latino-americana. Com projeto gráfico de Kiko Farkas e ensaio de Chico Homem de Melo, esta obra é mais uma contribuição significativa do Instituto Vladimir Herzog para manter viva a memória da luta pela liberdade de expressão durante os anos sombrios da ditadura militar.
5. Design para um mundo complexo: 2a edição
“Design para um mundo complexo”, de Rafael Cardoso, oferece uma reflexão crucial sobre o papel do design no contexto contemporâneo, marcado pelo excesso de estímulos e pela predominância do imaterial. Atualizando as ideias pioneiras de Victor Papanek, o autor destaca a necessidade urgente de os designers se afastarem de uma abordagem meramente estética e voltarem-se para a criação de soluções significativas para os desafios reais da sociedade. Em meio à aceleração da vida e à sobrecarga de informação, o livro se apresenta como um ato de resistência, revelando os dilemas enfrentados pelo design em um mundo cada vez mais complexo, de forma acessível tanto para iniciantes quanto para especialistas na área.
Arte de capa: Nordenworks/Depositphotos.com