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Novo livro destaca a cultura popular e a memória gráfica de Santa Catarina

Crédito: Pintores de Letras/Reprodução

Das fachadas que sinalizam pequenos comércios aos grandes letreiros em estabelecimentos de alto padrão, todos têm algo em comum: o grafismo das letras que as diferenciam umas das outras. E foi explorando esse universo antigo, mas ainda pouco notado, que dois cidadãos de Criciúma, no sul catarinense produziram o livro “Pintores de Letras: uma viagem pela cultura popular e memória gráfica de Santa Catarina”.

A obra é um projeto do designer Rafael Hoffmann, e da publicitária Nicole Castro, e foi financiada pelo Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura de 2023, da Fundação Catarinense de Cultura (FCC).

O livro surgiu como uma extensão do projeto Pintores de Letras, que teve início em 2016 como um registro fotográfico dos letreiros populares do sul de Santa Catarina, como o caso da fonte “Abençoada”, criada para fortalecer o trabalho do artista local Irmão Ramos em 2017. A obra impressa, lançada em janeiro de 2025, tem foco nos designers e publicitários, além dos apreciadores da cultura popular, unindo história, técnica e memória visual, buscando valorizar o trabalho dos pintores letristas.

Crédito: Pintores de Letras/Reprodução

“Tivemos apenas um ano para visitar todas as regiões do estado. Percorremos mais de 4 mil quilômetros e visitamos algumas das principais cidades, como Florianópolis, Chapecó, Lages, Joinville, Blumenau, além de Criciúma”, conta Nicole, que acrescenta que antes de visitar as cidades, ela e Hoffmann realizaram buscas por profissionais das respectivas regiões e utilizaram aplicativos, como o Google Street View, para procurar por muros e cartazes pintados que tinham a assinatura dos pintores. Essa peregrinação em território catarinense culminou no resgate de mais de 400 fotos de 30 cidades do estado.

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Durante a produção do livro, houve uma mudança de rumo. Os dois autores acreditavam que a obra seria mais técnica e focada no design gráfico, mas a progressão das pesquisas e as entrevistas com os letristas mostrou algo diferente.

“Entendemos que ele é um livro sobre cultura popular brasileira, mesmo com um recorte regional. Mas principalmente, é um livro sobre pessoas, sobre os pintores letristas”, enfatiza Hoffmann. “Uma das coisas que sempre nos moveu nesses quase dez anos de projeto foi poder dar visibilidade e contar a história de quem faz a comunicação visual popular que nós encontramos hoje nas cidades catarinenses. Então o coração do livro são as 20 entrevistas que realizamos com os profissionais que conhecemos ao longo das nossas viagens”, acrescenta.

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Além da pesquisa histórica, buscando os registros dos primeiros pintores do estado, Nicole e Hoffmann apresentam conceitos básicos que guiaram a pesquisa e reservaram espaço para discutir assuntos relevantes e atuais, como a importância das redes sociais para a valorização do trabalho dos pintores letristas e da estética popular brasileira, apropriação cultural e leis de regulamentação de comunicação visual nas cidades.

O livro “Pintores de Letras: uma viagem pela cultura popular e memória gráfica de Santa Catarina” já está disponível no site do projeto. Nele, é possível ver uma prévia de alguns capítulos. “Com o livro, esperamos que os leitores passem a olhar com mais atenção para as cidades onde vivem, percebendo a presença do trabalho dos pintores letristas e os reconhecendo como artistas que ajudam a construir a identidade cultural de Santa Catarina”, finalizam os autores.