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Artista mostra que para desenhar não é preciso habilidade inata

Artista mostra que para desenhar não é preciso habilidade Artista mostra que para desenhar não é preciso habilidade

A artista curitibana, Raysa Fontana, adotou a filosofia estética japonesa do wabi-sabi e conquistou o mundo com suas ilustrações coloridas que são uma mistura de livros infantis e capas de revistas antigas. O INSPI conversou com Raysa para entender como é sua filosofia e seu processo criativo. Continue a leitura e confira a entrevista completa.

A filosofia wabi-sabi

A filosofia wabi-sabi é uma filosofia de vida que se concentra nas falhas, mas não para julgar, para encontrar e celebrar a positividade interior e é isso que Raysa mostra em suas ilustrações. “eu fico triste quando vejo alguém se privando de experimentar tudo isso porque acredita que não tem habilidade de desenhar/pintar/esculpir/dançar/escrever/etc. Não acredito nisso de ‘habilidade'”, explica a artista.

Raysa também explica que a autossabotagem é nosso maior inimigo: “o medo de não suprir expectativas é muito aprisionador. Não dá pra se desenvolver autenticamente se você tá na nóia de fazer certo (que certo?), não se frustrar ou de ser reconhecido. Se você tem vontade, começa por aí. Foca na coragem, que a técnica vem com o tempo.”

A curitibana era diretora de arte, principalmente de fotografia, segundo ela, a carreira foi maravilhosa e gratificante até que a pressão de ter que combinar o lado criativo com as questões financeiras em sua vida a obrigou a entrar no mercado de ilustração e ela se mudou com sua esposa para o campo, para focar apenas nessa área criativa.

O processo criativo

As ilustrações de Raysa mostram linhas tortas, visões de mundo abstratas e conseguem trazer ao espectador um espaço ilimitado de imaginação. O sutil senso de história escondidos nas imagens também nos faz lembrar da cultura wabi-sabi, que nos convida a apreciar a simplicidade.

Perguntamos para a artista sobre como é seu processo criativo e ela nos convidou a mergulhar em um pensamento muito livre sobre o tema. “Acho muito interessante esse tema do processo criativo de cada um porque cabe muita coisa nele! Eu amo o universo de coisas que existem entre o “vou desenhar o amor da minha vida segurando nosso cachorro pra gente sempre lembrar das coisas boas” e o desenho de fato. Tem o “descobrir de um papel velho jogado na gaveta” e o “ver como que a canetinha se comporta nele”, ou “como que a cor muda quando a tinta seca”.

Raysa também nos faz dar valor aos dias ruins e as falhas, pois eles também são parte importante do processo criativo. “Tem o dia-a-dia com o amor da minha vida. Tem todas as vezes que senti que falhei em não ter levado o Petruccio (o meu cachorro) pra passear. Tem sorte. Tem as escolhas que me levaram pra lugares horríveis. Tem a parte boa de crescer com as más escolhas. Tem os dias que eu acho que nunca mais vou desenhar porque enjoei. Tem um monte de coisa aleatória. A música que tá tocando. Tem as cores que marcaram a minha infância. E tem também o momento que eu consigo deixar as coisas fluírem, sem julgamento.”

Para finalizar a artista diz que criar pode nos teletransportar para lugares que você nem imagina, “o mais mágico de criar qualquer coisa é que a gente pode partir de qualquer ponto, sem vinculação alguma com o ponto anterior. Não é que nem sair de Porto Alegre de carro e não poder estar em Manaus no outro dia porque é fisicamente impossível dirigir de um ponto ao outro em 24 horas. Criar mata um pouco a minha vontade de brincar de teletransporte: numa hora tô lá visitando um sentimento profundo, na outra tô num lugar em que faz sentido desenhar um cachorro fazendo xixi porque achei fofo pensar que eles tem bexiguinhas dentro deles.”

Se você gostou das ilustrações e do jeito de pensar de Raysa, você pode segui-la no Instagram e acompanhar seus trabalhos. Confira abaixo mais alguns desenhos feitos pela artista.

Foto de capa: Raysa Fontana Fontes: iDesign, Wonder